terça-feira, 7 de julho de 2009

Poema IV



Te recordo como eras no último outono.

Eras a boina cinza e o coração em calma.

Em teus olhos pelejavam as chamas do crepúsculo.

E as folhas caiam na água de tua alma.

Apegada a meus braços como uma trepadeira,

as folhas recolhiam tua voz lenta e em calma.

Figueira de estupor em que minha sede ardia.

Doce jacinto azul torcido sobre minha alma.

Sinto viajar teus olhos e é distante o outono:

boina cinza, voz de pássaro e coração de casa

fazia onde emigravam meus profundos anseios

e caiam meus beijos alegres como brasas.

Céu desde um navio.

Campo desde os cerros.

Tua recordação é de luz, de fumaça,

de tanque em calma!

Mais além de teus olhos ardiam os crepúsculos.

Folhas secas de outono giravam em tua alma.


(Retirado de: Vinte poemas de amor e uma canção desesperada)

Tradução Maria Teresa Almeida Pina

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